segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A TELEVISÃO E A CLASSE C

     Neste domingo, primeiro dia do ano de 2012, estava procurando um bom programa para assistir, o que é muito, muito difícil encontrar nos canais abertos da televisão brasileira aos domingos. Mas mudando de canal deixei na Rede Brasil de Televisão. Aqui na cidade de São Paulo está como canal aberto, no restante do país não tenho certeza. Estava sendo exibido um programa cujo nome é Ver TV. É um programa de televisão que trata de assuntos ligados à própria televisão: "Programa semanal que discute as funções, a programação, os avanços tecnológicos e as questões éticas de uma TV de qualidade, comprometida com a cidadania." (http://www2.camara.gov.br/tv/programa/44-VER-TV.html). Um tipo de programa que infelizmente não passa na TV aberta.
      Estavam lá o apresentador e três simpáticos convidados discutindo o papel da televisão na sociedade no ano que se encerrou, 2011. Discussão séria e inteligente. Durante o programa, foi feita a seguinte observação por uma jornalista: os canais de televisão aberta estão tendo que adaptar suas programações por conta do poder de compra da Classe C, a chamada nova classe média. O chamado horário nobre é visto pelos milhões que compõem a classe C e que agora detém um poder de compra maior, deixando os anunciantes interessados nesse "poder".
     Foi falado de um programa chamado Junto e misturado que a Globo engavetou porque, segundo um dos convidados é "um humor elitizado", ou digamos um humor mais inteligente, sem baixaria, etc. Não é um humor que agrade a classe c. Não teria tanta audiência.
     Ora bolas, eu me pergunto: então é assim? O humor é inteligente, não têm baixaria, precisamos descer, baixar o nível para que a classe c entenda, sei lá, agrade? Nós já sabemos que a nova classe média deixa muito a desejar em relação a conhecimento formal. E a televisão tem um papel muito importante na vida dos brasileiros, na formação de jovens, de crianças, de cidadãos.  Não seria hora de os canais abertos perceberem o tamanho da responsabilidade que têm, acordarem e ajudarem essa nova classe média a se "elitizar"? 
     E quando eu digo elitizar, digo no conhecimento. No papel que ela tem diante das urnas, na reivindicação por melhorias para os bairros onde moram, se posicionar diante da corrupção deste país, mostrar que essa classe não tem só poder de compra, mas tem poder em tudo o que quiser para uma sociedade melhor. Ajudar essa juventude a pensar, a ousar, agir dentro da sociedade. Mostrar que poder comprar um computador vai além de só comprá-lo para postar fotos e jogar. Que um computador em casa com acesso à internet tem poder de denunciar, de mobilizar pessoas para mudanças que servirão para essa nova geração que está se formando.
     Mas para que não é? A elite continua sendo elite e só precisa de pessoas que comprem, comprem e comprem. O que vale até agora é o consumismo, a futilidade, o culto ao corpo. O intelecto deixa pra lá. Ô pena!!!
     É isso,
     Ilma Madrona