sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Hoje é menos difícil estudar, nem assim dão valor.

Entrei na escola aos sete anos de idade (1985). Quando fui já era alfabetizada, aprendi a ler em casa com os irmãos mais velhos; estávamos sempre brincando de escolinha.
Lembro-me que naquela época era muito difícil estudar. Quero dizer, era difícil para nós, pessoas de baixa ou baixíssima renda. Comprar material escolar era um sacrifício: era quase impossível convencer meu pai de que meu caderno havia acabado e que precisava de outro.
A escola recebia material enviado pelo governo, mas dificilmente entregava a quantidade de que precisávamos. Era assim: se quiséssemos pegar um caderno ou um lápis ou uma borracha que fosse, tínhamos que levar um "pau de lenha" para trocar. Mas eu tinha que convencer meu pai a liberar esse maldito "pau de lenha". Acho que funcionava assim: as tias da escola vendiam a lenha para comprar o gás para fazer a merenda; eu não acreditava muito nisso, mas isso não vem ao caso agora.
Como meu pai não ia liberar a lenha, minha mãe me acordava um pouco mais cedo para eu pegar escondido e levar para então conseguir o caderno ou o lápis. Outras vezes passava numa trilha que tinha alguns galhos no chão então pegava e levava, mas a tia reclamava que aquilo não pegava fogo.
Às vezes não tinha como conseguir o bendito "pau de lenha", então uma professora muito generosa (Dona Glória) me arrumava o material e anotava meu nome como devedora de um "pau de lenha". Ela sempre me salvava.
Vamos ao hoje:
Hoje? Pois é, hoje o governo dá um retorno maior dos nossos impostos, enviando aos alunos da rede pública cadernos, lápis, borracha e tudo o que precisam, sem falar do material didático. Mas grande parte serve para transformar-se em aviãozinho na sala de aula. Jogam apostilas e livros pelas ruas.
Hoje é tudo muito menos difícil. Tem escola pública, mais do que naquela época, as pessoas conhecem mais seus direitos, tem bolsa família; a grande maioria dos professores são graduados, pós-graduados, os alunos têm direitos até de sobra. Tem o ProUni, o Fies etc. O que falta para valorizarem mais o conhecimento formal, os estudos? Será que estão esperando a volta da ditadura? Que Deus nos livre disso. Ainda tenho esperança de que este país entenda que só com educação podemos diminuir as desigualdades.
É isso,
Ilma Madrona

6 comentários:

  1. Oi mãe, eu gostei muito da sua nova postagem. Tomara q c a sua nova postagem algumas pessoas valorisem o material q elas tem e ñ desperdissem por que ainda existe crianças de outros países q passou ou está passando pela dificuldade q vc teve.
    Bjs enormes para vc!!!

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  2. É! Na real hoje não se dá valor ao que se tem, os alunos de escolas públicas tem tudo o que precisam para levar os estudos a sério, porém não dão o devido valor, hoje se recebe os materiais como (cadernos, lápis, canetas, borracha, lápis de cera, lápis de cor e etc...) e assim vai, eu fico analisando, na minha época tinhamos que comprar o uniforme, hoje se ganha até as meias, e ainda incentivam as famílias a manterem seus filhos na escola, dando leite de excelente qualidade, outros ganham livros de literatura que só tinhamos acesso através de uma biblioteca, e não dão valor a isso, pois hoje o povo só sabe reclamar dos nossos governantes, sem se atentar-se ao que é feito.
    Fazer o que, se o povo tem uma venda nos olhos.

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  3. Disse tudo Vanessinha. Livros que custam caro são enviados pelo programa de leitura, encontramos jogados por aí. Dá pra fazermos a nossa parte: conscientizarmos as pessoas que conhecemos para que valorizem o que têm.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Eu gostei muito do seu blog,conheci atravez do meu filho que o segue,li a maioria dos textos e penso da mesma forma.Meu filho estuda na rede estadual, independente de ter condições de comprar o material, eu incentivo ele a usá-lo, explico que esse material é comprado com o dinheiro dos impostos que pagamos, por isso, é nosso dinheiro que esta investido ali.Converso bastante com meu filho e não tenho nenhuma dificuldade em fazer com que ele use esse material,ele está cursando a 4ª série e desde a 1ª usa o material ,só lastimo o pouco uso dos livros que ele recebe no começo do ano, encapamos e nunca é usado só retorna no final do ano para serem devolvidos.Para suprir isso ,leio com ele e estímulo a fazer os exercícios em um caderno a parte ,fazemos isso todos os anos ao final do ano ele viu todo o conteúdo, isso o ajuda muito, ele tem boas notas e vai muito bem.Eu tento fazer a minha parte, por que a escola não é só o professor ,o aluno e a direção é a família.Porque na escola esse aluno fica algunas horas a maioria do tempo ele fica em casa e por isso a maior responsabilidade é nossa. O material é de excelente qualidade mais os próprios pais induzem os filhos a não usá-lo dizendo que é o quite favela,se não houvesse a distribuição também reclamariam,falando que o governo não incentiva a educação, por que eles querem se eximir da culpa de não participarem da educação dos filhos,e jogar a culpa nos professores o no sistema.

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  6. Pura verdade, Ivanilza. Quem deve educar os filhos são os pais, a escola auxilia na educação.

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